Tem como tema assuntos culturais vários em várias vertentes da História e da criatividade artística.

" RONDA DA NOITE "

Faz hoje 15 de Julho de 2018, 412 anos do nascimento de Rembrandt esse homem que tinha o que os gregos chamavam a " atividade da alma". Pintor e gravador holandês. Considerado um dos grandes pintores de todos os tempos, a sua obra é cimeira no contributo ao chamado " Século de Ouro dos Países Baixos". Ensinou durante muitos anos os mais importantes pintores holandeses. Retratos, auto- retratos, ilustrações de cenas Bíblicas; gravuras, tudo este mestre aprimorou de uma maneira ímpar, usando preferencialmente o grande recorte dos retratos de grupo que vos recordo com esta " A Ronda Nocturna ".
José Movilha

RAINHA SANTA ISABEL - VENERADA PELOS ESTREMOCENSES - A LEMBRANÇA DESSE 4 DE JULHO DE 1336, DATA DA SUA MORTE EM ESTREMOZ...

RAINHA SANTA ISABEL - VENERADA PELOS ESTREMOCENSES - A LEMBRANÇA DESSE 4 DE JULHO DE 1336, DATA DA SUA MORTE EM ESTREMOZ...«O povo de Estremoz reconhecido aos muitos benefícios recebidos da Muito Venerável, e Muito Santa Isabel, Digníssima, Augusta e Muito Excelente Rainha de Portugal, Piedosíssima Defensora desta vila, e sua Zelosíssima Patrona, pelo decoro e esplendor da Religião, pela Conservação e Glória de Rainha Fidelíssima, e do Nosso Augusto Príncipe, e pelo socorro e defesa da mesma vila e seus habitantes, dedicaram à mesma Santa este público «Monumento» da sua gratidão no ano de 1808».
(inscrição colocada no local da venerada capela da Rainha Santa)

A Rainha D. Isabel, padroeira de Estremoz, foi bem a voz do progresso e a voz da paz nos seus intuitos humanitários e de amor ao próximo. D. Dinis teve também nesta excelsa esposa a sua melhor auxiliar na gerência e governo do reino. Pois para além dos óbolos que alargadamente ela distribuía pelos necessitados, ainda o fulgor da sua ação administrativa que se faziam sentir para o bem público, deixando D. Dinis livre de muitas preocupações. A Rainha D. Isabel foi a grande impulsionadora para o início de uma grande obra assistencial em Portugal. Deveu-se-lhe a fundação de muitos estabelecimentos colectivos como hospícios, hospitais, conventos, podendo-se dizer com propriedade que antes da Rainha D. Leonor, fundadora das Misericórdias, já D. Isabel tinha instaurado progressivamente estas obras assistenciais que também passavam por Albergarias, que no caso de Estremoz passou a ser o hospital de Nossa Senhora dos Mártires. Portugal não era imune ao flagelo da lepra, terrível mal a que nem os de maior condição escapavam, caso do nosso rei D. Afonso II.
D. Isabel instituiu as gafarias, hospitais para leprosos, que no caso de Estremoz, a mando da piedosa senhora, foi um construído na colina de S. Lázaro. A Rainha Santa chegou a contrair empréstimos para manter a sua obra assistencial e assim poder manter hospitais, albergues, gafarias, casas de regeneração, orfanatos, asilos para inválidos, velhos e crianças. Nas instalações hospitalares para cuidar dos enfermos a Rainha Isabel ministrava enfermagem e ensinava esses cuidados, não esquecia, também, alguns pobres a quem a vergonha de condição tolhia e às chamadas mulheres perdidas que tinham recolhimento para a sua regeneração moral. Ás crianças, doentes, pobres, enjeitados, todos mereceram da Rainha atenção permanente. Uma outra condição muito apreciável e valiosa de acção cívica levou várias vezes a cabo a Rainha, uma intervenção como vigilante e diplomata da paz, estabelecendo várias vezes a harmonia entre familiares desavindos.
Após a sua chegada a Portugal, D. Isabel interveio para sanar as discórdias entre D. Dinis, seu marido, e D. Afonso, seu cunhado. Depois teve de intervir nas rivalidades entre D. Afonso Sanches, filho bastardo de D. Dinis, e D. Afonso filho legitimo, o futuro rei D. Afonso IV. Teve D. Dinis severa atitude à maneira como D. Isabel defendeu D. Afonso, determinando disto o exílio da rainha em Alenquer entre 1314 e 1323. A rainha nunca teve um queixume desta atitude e nas visitas que recebia nunca encorajou qualquer projecto de afronta ao seu esposo e rei .
Após chegada de uma peregrinação a S. Tiago de Compostela, D. Isabel com 66 anos e viúva há 11 é informada de que seu filho e rei Afonso IV preparava em Estremoz guerra contra o seu genro Afonso XI. Isto aflige a piedosa senhora que embora debilitada empreende dura jornada de Coimbra até Estremoz no intuito de demover o seu filho rei de mais uma guerra fratricida.
Chega a Estremoz em 30 de Junho de 1336, era um domingo, depois de jornada incómoda que lhe causou, por mau acondicionamento no transporte na liteira, atrito permanente entre o osso do antebraço contra o apoio da cadeirinha produzindo-se uma contusão da massa carnuda do antebraço e uma vesícula que abriu ferida infectante. Logo na chegada ao Paço de Estremoz, muito debilitada e já num estado algo febril, foi observada pelos físicos reais Mestre Pedro, Cónego de Lisboa e Chanceler - Mor do Reino; Mestre Tomé e Fr. Brandão e ainda Mestre Araba, que acompanhava o rei D. Afonso IV. Nunca mais a Rainha saiu do seu leito de morte nestes 5 dias em que a lesão foi tratada como convencional aos olhos dos físicos que nunca poderiam debelar a invasão progressiva dos agentes sépticos. Morreu a santa senhora em 4 de Julho de 1336 com 66 anos, conforme os seus desejos testamentários determinavam o seu sepultamento seria no Mosteiro de Santa Clara em Coimbra.
Os prantos e desgostos do povo foram de uma intensidade e lutos pungentes, uma legião de necessitados ficava sem aquela mãe extremosa que a todos prestava socorro para minimizar agruras. Ocorrem multidões às redondezas do Paço e depois durante o caminho de sete jornadas de Estremoz a Coimbra. Logo nas mesmas se manifestaram as coisas extraordinárias e milagrosas, as evidencias dos caminhos patentes da santidade de D. Isabel.
Séculos mais tarde foi D. Manuel I que empregou as maiores instâncias para que a igreja a canonizasse. Foi no pontificado de Leão X que se fez a beatificação, para Coimbra e o seu Bispado, por um breve de 15 de Abril de 1516.
O Papa Paulo IV concedeu, depois, que se pintasse a sua imagem e que fosse festivo em todo o reino, o dia da morte da rainha. Terminado em Roma o processo instaurado para a canonização, foi a rainha D. Isabel elevada a Santa pelo Papa Urbano VIII. Mas, o seu nome só foi incluído no calendário dos santos a instâncias de Filipe III de Portugal, IV de Espanha.
Na história das Rainhas Ibéricas e do mundo, fica a lembrança desta mulher e Rainha, de seu nome Isabel de Aragão, um exemplo de humildade, lucidez e conduta, ainda pacificação diplomática e uma visão de humanismo que se perpetuará para todo o sempre no areópago do culto do Espírito Santo que instituiu em Portugal.
José Movilha

EL GREGO - O PINTOR